terça-feira, 16 de outubro de 2012

A História....só isso.

  Ninguém dança pelas estrelas. Isso é uma falta de conduta inter-estelar gravíssima. É errado porque, veja bem, as estrelas estão lá em seu canto, acostumadas a longinquidade de suas iguais, ao silêncio, ao menos quando as explosões solares não vêm(se bem que não tem som no vácuo) e ao grande problema de intimidade que estão sendo impostas pelo, bem, o nada. E subitamente essa visão angelical(minhas palavras) atravessar o cenário e perturbar toda a ordem dessas bolas de fogo gigantes seria rude. E perigoso, mas estamos jogando conceitos físicos pela janela aqui(é, as explosões agora fazem barulho!) e o foco da questão é que, as estrelas serão ofuscadas. E aí todas elas perderiam o brilho diante dela, e todos planetas que dependeriam do calor das estrelas seriam castigados com o congelamento instantâneo e morte de todos seus possíveis habitantes!
  E assim ela decidiu, um dia, que ficar extremamente feliz, ao ponto de dançar nas estrelas, seria errado. Pelo menos meio problemático. E então pegou o costume de dizer a si mesma:" tristeza é a felicidade de pessoas profundas"(Doctor Who era decididamente a melhor série de todos os tempos[depois de FRIENDS{e How I Met Your Mother}]) para se convencer. E ela deveria ser, em algum momento, profunda mesmo, mas a capa de felicidade que automaticamente a revestia por conta de sua natureza não deixava isso nada claro. Como você pode ver, o fenômeno de profundidade só é argucioso para pessoas igualmente profundas. E eu sei que mais da metade dos leitores vão pesquisar o que é argucioso no Google, me mostrando que mais da metade dos leitores não são profundos. Ou as vezes só não tão nem aí pra essa porra de português(o que eu respeito igualmente). Enfim, acho que me perdi certo? Vamos num novo parágrafo.
  Não que sua personalidade fosse incompatível com profundidade, not at all, mas a aquela altura da vida, o mundo pedia menos seriedade. Coisa que nosso escritor não consegue perceber, inclusive. Sua aura de bom humor era algo inacreditável até mesmo para um mexicano de barriga cheia. E isso poderia ter sido um fator decisivo muitas vezes em sua vida(aí eu realmente não fiquei sabendo), mais importante, isso foi um fator decisivo aqui, na nossa história. Incrível também como eu escrevo e não digo nada. Me sinto pronto pros vestibulares. Voltando ao assunto, nunca, nunca, nunca e nunca de novo, ela foi vista com problemas grandes demais. E ai morava o perigo. TODO MUNDO tem problemas grandes demais. E se nunca vista, em algum lugar eles teriam que estar. E estavam. De fato, eles não seriam tão grandes se sua doutrina de evitar a catarse estivesse fora de jogo. Mas não estava.
   Talvez, o grande erro não era o tamanho do problema, e sim o fato de ela não conseguir carregá-lo. E mesmo que , talvez, ela sempre soubesse disso, provavelmente não houve como se preparar, pelo motivo mais intuitivo que é a fé cega. Caso não saibam, a fé cega é quando nos agarramos há algo tão desesperadamente que em certo momento, não estamos mais agarrados a mesma coisa de antes. É ver com os olhos e não ver nada. E de um instante de paz, ela se perdeu. Talvez eu não saiba como, talvez eu não saiba o porque, talvez eu não saiba por quanto tempo, talvez eu não saiba nem se isso realmente importou, mas é concreto que ela se perdeu. E isso foi bem triste, de uma forma completamente diferente da tristeza de pessoas profundas. Foi tristeza, de uma pessoa sofrida, eu posso apostar. Foi o olhar azul. Não azul da cor do mar, azul da cor do céu ou azul da cor de uma orquídea, mas o olhar azul, de vazio, como um horizonte oceânico. Veja, os olhos são as janelas da alma, e, de alguma forma, eles te refletem. E quando não refletem, culpa desse azul.
  Só porque você está perdendo, não significa que já perdeu. Só porque você está sofrendo, não significa que você está acabado, não significa que você deva parar, não significa que você deva se render, nem que você não tenha o que mereça, nem o ruim, nem o bom, apenas o justo. Coldplay me ensina muita coisa. E assim, no momento em que se perdeu, ela atravessou a linha. E tudo que tentou, não acabou como planejou, toda ponte que tentou atravessar, toda porta que tentou abrir, e por um instante, o balanço universal se contorceu de dor. E ela também.
  O que foi feito, jamais vai ser desfeito. Não pode ser desfeito. E ela aprendeu isso ao longo do caminho, e devagar(ou não) as coisas voltaram ao normal. O universo se equilibrou, e ela enfim respirou. Talvez alguma nova doutrina, o apoio dos amigos ou o tempo, é tudo especulação. O único culpado por se perder, e por se achar, foi ela mesma. O que só deixa nossa história mais bonita. E mais longa.

Toda essa história foi feita por insistência. Do destino. E o destino foi bem bondoso quando a fez lembrar disso tudo em seu momento menos reflexivo(um dia de atraso). Bondoso por lhe encaminhar para algo que ficou conhecido na história recente como: "O Novíssimo Pacto Molotov - Ribbentrop ou O Novíssimo Grande Dia ou mais alguma coisa que não conseguimos lembrar." Quando se atrasava, ela possuía o curioso hábito de não se importar. É curioso e mal interpretado por minha parte, mas na literatura, mudanças de características são permitidas. E ao se deparar com o grande portão cinza cintilante de sua instituição escolar(também conhecido como colégio) teve uma ótima descoberta - Seu relógio indicava uma hora de atraso. O que ela não sabia é que eram duas, e seu relógio estava estranhamente errado. Então esperou ali, perto da sombra causada pelos prédios pecaminosos da rua, até o momento de entrar. O que não aconteceu, para o azar de muitos, e a sorte de dois.
  De uma percepção sútil e súbita(complexa, diretamente) teve a visão de um, segundo suas palavras mentais, confuso garoto. Não sabia ao certo porque atribuir esse adjetivo automaticamente, mas também não via porque não, E estranho era mesmo, pelo fato dele ser absurdamente normal. ABSURDAMENTE NORMAL. e simples. Aquilo ecoou por alguns segundos. Foi chegando mais perto, mais perto, e quando ela já conseguia ver o suficiente, conseguiu concluir: Ele realmente era simples. Assim a conclusão explodiu e a questão continuou viva. E então ela reparou que, se não fizesse nada agora, nunca mais teria a chance de responder essa questão, porque obviamente o garoto desapareceria de sua vida. Desse modo, reagiu. Da pior/melhor maneira. Se levantou do banco e quase que reflexivamente só percebeu a rapidez com que ele caiu no chão no mesmo instante. Foi épico, e engraçado pra caralho. Anos depois especialistas concluíram que o distúrbio na força causado por ela levantar provavelmente foi o responsável pelo acidente, mas o inquérito a muito havia sido fechado.
- Meu deus, tá tudo bem contigo?!?
Ele se ajeitou ainda no chão, e por algum motivo maluco(mais tarde,explicável) ali ainda permaneceu.
- Eu acho que sim, ainda não tive tempo de pensar nisso hoje.
Ela riu timidamente.
- Quis dizer por causa da queda!
- Ah -Ele olhou para alguns lados, surpreso, e então, quase como se tivesse reparado que havia caído só agora- estou bem, obrigado.
  Estendeu sua mão para que ela lhe ajudasse a levantar, sem perceber que, obviamente, havia um cavalo de diferença entre suas forças. Talvez dois. E ela olhou, pensou nas possibilidades de isso dar muito errado, de como seria vergonhoso, de como ele não parecia nada normal agora, de como seu cabelo era incrivelmente irregular, imolável e ao mesmo tempo macio e liso. Tudo isso em um milésimo de segundo, porque esse tipo de pensamento NUNCA demora. Pegou a mão, e puxou. Com toda sua força, mas não resolveu muito. Ele se sentiu meio impaciente, e resolveu ajudar. Todos nós sabemos que ela voou pro chão com a mesma determinação.
Rindo com a mesma intensidade de sempre, ela se viu. Ele, de uma maneira muito superior, riu como uma hiena muito animada. Foi épico, e de novo, engraçado pra caralho.
- Eu sou Pedro Augusto. Pedro como o Czar, e Augusto como o Imperador.
Ele estendeu novamente a mão, sorrindo
- Se você não me arremessar para mais algum lugar de novo, eu lhe direi meu nome.
- Realmente tentador. Não não, minha mãe sempre me disse para não conversar com estranhos. Você me diz seu nome e eu te arremessarei para as estrelas, onde, sei lá, você pode dançar nelas.
Se sentiu boba, e rasgou todos seus protocolos.
- Não não,tenho uma ideia melhor. Me leve pra tomar café em Plutão, e pode me chamar como quiser.
-Pode parecer idiota, mas não consigo pensar em nada melhor que "Anjo".
Ela apertou-lhe a mão na velocidade de um raio. E foi assim, e assim foi, que começou algo que ficou conhecido na história recente como:" Nova Vida". Ou da minha maneira despojada, As nossas vidas. As suas vidas. As vossas vidas. A vida.

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