quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Drops do leste(de melão) sobre a curvatura da luz(é mentira)

Assim, eu gosto dela, eu a acho incrível, e eu tenho certeza que ela é mais incrível ainda, mas, agora, o que eu posso fazer? do something?
- "Mas...tem sempre aquele ninho de mulheres em volta dela". 
"Aposto que se eu fosse imperador do mundo ela  me respondia". 
- "Aposto que se você fosse falar com ela pessoalmente ela também ia te responder." 
- "Jimmy, as coisas não são tão simples assim." 
- "São sim."
E é claro temos o grande problema daquele GRANDE IMBECIL e maldito OL.


terça-feira, 30 de outubro de 2012

Drops de(Uva) todos os problemas físicos do mundo.

Assim, não que eu esteja criticando o plano de criação de Deus/Buda/Acaso/Chuck Norris, mas eu estou.
 A terra tem muitos problemas. Pra começar, ela é redonda. E sendo assim, eu não posso empurrar aquele filho da puta esnobe pelo abismo do espaço(eu teria que socá-lo MUITO antes, e isso causaria um mal estar). Outro problema é que a terra tem uma gravidade enorme, e com isso, eu não posso levar aquele pedaço do oriente para as nuvens. Mais uma questão bem irritante é que a terra possui uma atmosfera significativa e densa em que eu jamais poderia discursar meus problemas sem ser visto, tendo nota de que uma névoa se dissiparia logo.

São tantos problemas que não têm fim. Espero que a terra tenha um bom encanador, eletricista, pedreiro e pintor, porque depois das reformas que irei fazer, as coisas vão ficar selvagens!


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Drops (de melancia) da Saudade

 A vida é feita de pequenas coisas. Vingitilhões de pequenas coisas pra ser mais assertivo. Sentir um perfume persistente o dia inteiro, por exemplo.

São coisas lindas que eu tenho pra te dar. Bem, não todas elas são lindas e nem todas elas eu conseguiria me aproximar sem ser carbonizado, distorcido magneticamente ou derretido, mas, ainda assim é um bom plano. Hei, não critique, atravesse um sistema galático por si mesma se for mesmo tão importante(caso você critique)!

Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro. Mas eu faço um esforço.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

A História....só isso.

  Ninguém dança pelas estrelas. Isso é uma falta de conduta inter-estelar gravíssima. É errado porque, veja bem, as estrelas estão lá em seu canto, acostumadas a longinquidade de suas iguais, ao silêncio, ao menos quando as explosões solares não vêm(se bem que não tem som no vácuo) e ao grande problema de intimidade que estão sendo impostas pelo, bem, o nada. E subitamente essa visão angelical(minhas palavras) atravessar o cenário e perturbar toda a ordem dessas bolas de fogo gigantes seria rude. E perigoso, mas estamos jogando conceitos físicos pela janela aqui(é, as explosões agora fazem barulho!) e o foco da questão é que, as estrelas serão ofuscadas. E aí todas elas perderiam o brilho diante dela, e todos planetas que dependeriam do calor das estrelas seriam castigados com o congelamento instantâneo e morte de todos seus possíveis habitantes!
  E assim ela decidiu, um dia, que ficar extremamente feliz, ao ponto de dançar nas estrelas, seria errado. Pelo menos meio problemático. E então pegou o costume de dizer a si mesma:" tristeza é a felicidade de pessoas profundas"(Doctor Who era decididamente a melhor série de todos os tempos[depois de FRIENDS{e How I Met Your Mother}]) para se convencer. E ela deveria ser, em algum momento, profunda mesmo, mas a capa de felicidade que automaticamente a revestia por conta de sua natureza não deixava isso nada claro. Como você pode ver, o fenômeno de profundidade só é argucioso para pessoas igualmente profundas. E eu sei que mais da metade dos leitores vão pesquisar o que é argucioso no Google, me mostrando que mais da metade dos leitores não são profundos. Ou as vezes só não tão nem aí pra essa porra de português(o que eu respeito igualmente). Enfim, acho que me perdi certo? Vamos num novo parágrafo.
  Não que sua personalidade fosse incompatível com profundidade, not at all, mas a aquela altura da vida, o mundo pedia menos seriedade. Coisa que nosso escritor não consegue perceber, inclusive. Sua aura de bom humor era algo inacreditável até mesmo para um mexicano de barriga cheia. E isso poderia ter sido um fator decisivo muitas vezes em sua vida(aí eu realmente não fiquei sabendo), mais importante, isso foi um fator decisivo aqui, na nossa história. Incrível também como eu escrevo e não digo nada. Me sinto pronto pros vestibulares. Voltando ao assunto, nunca, nunca, nunca e nunca de novo, ela foi vista com problemas grandes demais. E ai morava o perigo. TODO MUNDO tem problemas grandes demais. E se nunca vista, em algum lugar eles teriam que estar. E estavam. De fato, eles não seriam tão grandes se sua doutrina de evitar a catarse estivesse fora de jogo. Mas não estava.
   Talvez, o grande erro não era o tamanho do problema, e sim o fato de ela não conseguir carregá-lo. E mesmo que , talvez, ela sempre soubesse disso, provavelmente não houve como se preparar, pelo motivo mais intuitivo que é a fé cega. Caso não saibam, a fé cega é quando nos agarramos há algo tão desesperadamente que em certo momento, não estamos mais agarrados a mesma coisa de antes. É ver com os olhos e não ver nada. E de um instante de paz, ela se perdeu. Talvez eu não saiba como, talvez eu não saiba o porque, talvez eu não saiba por quanto tempo, talvez eu não saiba nem se isso realmente importou, mas é concreto que ela se perdeu. E isso foi bem triste, de uma forma completamente diferente da tristeza de pessoas profundas. Foi tristeza, de uma pessoa sofrida, eu posso apostar. Foi o olhar azul. Não azul da cor do mar, azul da cor do céu ou azul da cor de uma orquídea, mas o olhar azul, de vazio, como um horizonte oceânico. Veja, os olhos são as janelas da alma, e, de alguma forma, eles te refletem. E quando não refletem, culpa desse azul.
  Só porque você está perdendo, não significa que já perdeu. Só porque você está sofrendo, não significa que você está acabado, não significa que você deva parar, não significa que você deva se render, nem que você não tenha o que mereça, nem o ruim, nem o bom, apenas o justo. Coldplay me ensina muita coisa. E assim, no momento em que se perdeu, ela atravessou a linha. E tudo que tentou, não acabou como planejou, toda ponte que tentou atravessar, toda porta que tentou abrir, e por um instante, o balanço universal se contorceu de dor. E ela também.
  O que foi feito, jamais vai ser desfeito. Não pode ser desfeito. E ela aprendeu isso ao longo do caminho, e devagar(ou não) as coisas voltaram ao normal. O universo se equilibrou, e ela enfim respirou. Talvez alguma nova doutrina, o apoio dos amigos ou o tempo, é tudo especulação. O único culpado por se perder, e por se achar, foi ela mesma. O que só deixa nossa história mais bonita. E mais longa.

Toda essa história foi feita por insistência. Do destino. E o destino foi bem bondoso quando a fez lembrar disso tudo em seu momento menos reflexivo(um dia de atraso). Bondoso por lhe encaminhar para algo que ficou conhecido na história recente como: "O Novíssimo Pacto Molotov - Ribbentrop ou O Novíssimo Grande Dia ou mais alguma coisa que não conseguimos lembrar." Quando se atrasava, ela possuía o curioso hábito de não se importar. É curioso e mal interpretado por minha parte, mas na literatura, mudanças de características são permitidas. E ao se deparar com o grande portão cinza cintilante de sua instituição escolar(também conhecido como colégio) teve uma ótima descoberta - Seu relógio indicava uma hora de atraso. O que ela não sabia é que eram duas, e seu relógio estava estranhamente errado. Então esperou ali, perto da sombra causada pelos prédios pecaminosos da rua, até o momento de entrar. O que não aconteceu, para o azar de muitos, e a sorte de dois.
  De uma percepção sútil e súbita(complexa, diretamente) teve a visão de um, segundo suas palavras mentais, confuso garoto. Não sabia ao certo porque atribuir esse adjetivo automaticamente, mas também não via porque não, E estranho era mesmo, pelo fato dele ser absurdamente normal. ABSURDAMENTE NORMAL. e simples. Aquilo ecoou por alguns segundos. Foi chegando mais perto, mais perto, e quando ela já conseguia ver o suficiente, conseguiu concluir: Ele realmente era simples. Assim a conclusão explodiu e a questão continuou viva. E então ela reparou que, se não fizesse nada agora, nunca mais teria a chance de responder essa questão, porque obviamente o garoto desapareceria de sua vida. Desse modo, reagiu. Da pior/melhor maneira. Se levantou do banco e quase que reflexivamente só percebeu a rapidez com que ele caiu no chão no mesmo instante. Foi épico, e engraçado pra caralho. Anos depois especialistas concluíram que o distúrbio na força causado por ela levantar provavelmente foi o responsável pelo acidente, mas o inquérito a muito havia sido fechado.
- Meu deus, tá tudo bem contigo?!?
Ele se ajeitou ainda no chão, e por algum motivo maluco(mais tarde,explicável) ali ainda permaneceu.
- Eu acho que sim, ainda não tive tempo de pensar nisso hoje.
Ela riu timidamente.
- Quis dizer por causa da queda!
- Ah -Ele olhou para alguns lados, surpreso, e então, quase como se tivesse reparado que havia caído só agora- estou bem, obrigado.
  Estendeu sua mão para que ela lhe ajudasse a levantar, sem perceber que, obviamente, havia um cavalo de diferença entre suas forças. Talvez dois. E ela olhou, pensou nas possibilidades de isso dar muito errado, de como seria vergonhoso, de como ele não parecia nada normal agora, de como seu cabelo era incrivelmente irregular, imolável e ao mesmo tempo macio e liso. Tudo isso em um milésimo de segundo, porque esse tipo de pensamento NUNCA demora. Pegou a mão, e puxou. Com toda sua força, mas não resolveu muito. Ele se sentiu meio impaciente, e resolveu ajudar. Todos nós sabemos que ela voou pro chão com a mesma determinação.
Rindo com a mesma intensidade de sempre, ela se viu. Ele, de uma maneira muito superior, riu como uma hiena muito animada. Foi épico, e de novo, engraçado pra caralho.
- Eu sou Pedro Augusto. Pedro como o Czar, e Augusto como o Imperador.
Ele estendeu novamente a mão, sorrindo
- Se você não me arremessar para mais algum lugar de novo, eu lhe direi meu nome.
- Realmente tentador. Não não, minha mãe sempre me disse para não conversar com estranhos. Você me diz seu nome e eu te arremessarei para as estrelas, onde, sei lá, você pode dançar nelas.
Se sentiu boba, e rasgou todos seus protocolos.
- Não não,tenho uma ideia melhor. Me leve pra tomar café em Plutão, e pode me chamar como quiser.
-Pode parecer idiota, mas não consigo pensar em nada melhor que "Anjo".
Ela apertou-lhe a mão na velocidade de um raio. E foi assim, e assim foi, que começou algo que ficou conhecido na história recente como:" Nova Vida". Ou da minha maneira despojada, As nossas vidas. As suas vidas. As vossas vidas. A vida.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Tá certo(Tá errado).

Como os leitores perceberam, eu escrevi dois contos. Começo, meio, fim, personagens, texto, roteiro, diálogos, pensamentos e tudo que tem direito. eu adorei fazê-los, adorei vê-los repercutirem e tudo mais.

Mas, eles me gastam uma energia enorme para fazê-los. e uma certa... pesquisa, if you catch my drift. Eu levo um dia INTEIRO escrevendo, apagando, escrevendo, corrigindo, mudando, rimando, e apagando tudo de novo por achar uma merda. Leva tempo, e geralmente preciso de ajuda, de uma consultoria. As referências devem estar todas no lugar certo, na hora certa, na quantidade certa.

Por tudo isso, eu peço POR FAVOR que esperem um pouco mais para eu fazer mais um. Mas já adianto que falaremos de muita gente. e de ninguém, porque são personagens fictícios(HUM HUM).

Vamos aproveitar então e falar um pouco sobre como estou( eu sei, ninguém gosta, mas, tem alguma ideia melhor?). MAL

Ponto final.

Mentira.Vou muito bem.Saudável(tirando uma tosse persistente), forte(tirando o fato que estou meio longe dos pesos na academia), estudioso(tirando uns Is) e seguro( Tirando eu me envolver com a pessoa errada de novo). Ou seja, tudo bem(ou seja, tudo errado).

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A História M de Mitológica

She's a Killer Queen
Gunpowder, Gelatine
Dynamite with a laser beam
Guaranteed to blow your mind
Anytime


Ao ouvir os sutis e ritmantes acordes dessa, que figurava entre suas melhores( figurava mesmo? who cares?), música, se deu conta que estava pronta para viver mais um dia. Ou pelo menos achava, e isso já era suficiente para enchê-la de confiança ao ponto de não sobrar espaço para mais nada. Ok, talvez espaço para um café da manhã. Pensando melhor, teria espaço para mais alguns impasses, mas isso estava fora de previsão no momento. Se levantou no menor ritmo possível, pois ao tentar levantar rapidamente se lembrou/sentiu que as dores dos constantes exercícios físicos do dia anterior lhe abatiam.

E desde então, fez tudo que as mulheres fazem para se aprontar( que eu não faço a assombrosa ideia do que seja) até ficar, de fato, pronta( o que significava se levantar, no caso dela, mas isso era algo que não conseguia perceber) e se reunir com sua família nas partes mais mundanas de sua casa( o resto da casa). Perdeu algo entre um instante de segundo e duas horas tentando se lembrar do que sonhara, mas quando viu sua causa falhar, desistiu e entrou no mundo dos fones de ouvido. Deste ponto em diante, tudo foi sinfonia. Bouree em Mi menor, aliás. Se bem que, ela se lembrava vagamente de For Those About To Rock por um som de canhão, mas não tinha certeza se era a música ou Alguma disputa de posse em seu centro étnico cultural( Samurais, Shoguns e Daimyos em suas guerrinhas), mas isso não nos importa muito por enquanto( vale a menção honrosa a sua etnia[que eu tanto respeito] que agora nos fica clara). Me perdi no assunto?

Quando ela voltou a seu estado de consciência normal e ativa( que é quando eu quiser, porque quem escreve nessa porra sou eu!) coincidentemente já estava na hora de rumar para o antro de conhecimento desnecessário que era seu ambiente escolar. E para constar nos altos, até a data dessa história em questão, ela nunca havia apresentado fator negativo em sua vida escolar. Ao rumar, da forma mais ecologicamente viável possível(AH TÁ) para seu precinto escolar, acabou por se deparar mais e mais desconhecida de si mesma. Estranho não era sua repentina crise de identidade, e sim o fato de mudar o assunto padrão de suas viagens, marcas de sapatos. Quando por um instante se estapeou mentalmente e se lembrou que, segundo seu modo de vida, crises de identidade são inaceitáveis, acabou por acabar sua viagem, e então se surpreendeu  novamente por mudar o assunto padrão de arredores da escola de cores de esmaltes para auto-críticas. Esse sem dúvida seria um dia para marcar sua confusão mental. 

Viu sua colega de sala, Ângela, ser a penúltima pessoa a entrar pelo cintilante portão cinza de seu colégio, e a última, algum garoto com um cabelo de um formato que não conseguia definir. Não deu-lhe muita importância pelo fato de ter uma inundação de garotos com cabelos de formatos indefinidos, e se tinha algo que ela não conseguia de maneira nenhuma aceitar em um homem era a falta de simetria capilar. Mas ambos, ela e o narrador tinham uma sensação um tanto quanto certa de que esse assunto seria melhor abordado no futuro. E foi. Depois os detalhes serão expostos. Dessa forma, se viu atrasada pela primeira vez em 16 anos. Não atrasada para a aula, Atrasada PONTO. Seus antepassados então viram, desapontados, do mundo dos espíritos, esse recorde legendário e familiar ser quebrado.

Ao entrar de uma maneira totalmente derrotada pela porta de sua aula de Espanhol, e ao ver todas as faces dos alunos(e professora) com uma incredibilidade digna de recorde, ela teve certeza que era o pior dia de sua vida, e toda a sua pré-intuição de existir algo positivo no dia implodiu.

Se sentou na cadeira que já lhe era de costume(onde havia um Manuela escrito em letras garrafais roxas), sob uma certa tensão da sala, e com uma cara de oriental triste( que eu não tenho certeza de como é) pegou suas coisas. Sentiu o celular tocar, e ao ver a mensagem nele escrita, teve mais uma catarse. Dessa vez a crise de identidade, a auto-crítica e a sensação de insegurança, causadas pelo azar terrível, foram obliteradas de seus pontos cognitivos. Tudo que viu brilhar naquela tela de 3,4 polegadas foi:"Manu, Bom dia". E ela teve. A partir desse instante, ela teve.

A História Completa

Naquele dia, se levantou no horário normal, só para balançar o equilíbrio do Universo, e como segunda ação do dia, sentiu o cheirinho apaixonante do café(A primeira foi checar se não tinha sido transportado para Valinor) e então abriu um leve sorriso. Começava mais um dia, mais uma semana, e mais um mês, como se uma combinação de boas vibrações o atingissem a partir do calendário. Ah! O velho calendário, produzido em 2002, mas que surpreendentemente(e um pouco assustadoramente, por assim dizer) marcava até o dia 21 de Dezembro de 2012. O calendário era, como sua mãe muito bem chamava, um calhamaço de papel escolar de 121 folhas( os 120 meses e 1 extra, no caso do mundo não acabar segundo ele mesmo previra) com uma cacetada de coisas escritas. E em parte ela até estava certa, mas com a omissão de alguns detalhes, como, por exemplo, ter exatamente 12 milímetros de espaçamento entre cada dia, semana, dia da semana e número. O número da sorte de seu criador era 13, mas ele gostava de dar chance ao destino, subtraindo 1 número em tudo que o envolvesse, e pelo fato de números pares serem mais agradáveis para a estética humana(é o que todos os livros de arquitetura lhe disseram).

Levantou, colocou seus chinelos de Darth Vader, que ele mesmo havia feito(em um dia tedioso sem internet), e rumou em direção a cozinha, algo que não era muito difícil pelo fato de sua casa ser desconfortavelmente apertada. Haviam pães amanhecidos dentro de um saco sobre a mesa, e o tão esperado café jazia na segunda parte mais obscura da casa(a pia), próximo do escorredor de louça e de toda a tralha que sua mãe insistia em guardar. Pegou a garrafa, checou a validade do café em questão e, de uma maneira frustrante e de forma até desagradável para um outro ponto de vista, descobriu-lhe morno. Praguejou em nome dos Sete, cuspiu o café para a pia e forçosamente lavou o que havia sujado. Quando olhou em volta, e (mais uma vez) se deparou sozinho, disse para si mesmo de uma maneira ironicamente agradável: 
- Que ótima maneira de começar mais um dia emocionante.

Havia se acostumado a ficar sozinho. Desde muito cedo, sempre se viu livre em sua casa, devido a atarefada vida de seus familiares adultos. O único fato que ele mesmo esquecia era que também estava virando um adulto, e encarar de frente essa nova realidade era, de certa forma, impossível. Ficar sozinho era como se enturmava no mundo e ficar na companhia de muita gente só criava uma aura de solidão, que pelo final da situação, lhe deixava isolado de novo. 
Claro, possuía alguns amigos e eles não lhe deixavam assim, mas sua reuniões envolviam D&D, MMOs, Simuladores, conversas sobre mulheres que nunca iriam ter(?) e coisas que, em seus ambientes, só eles se interessavam.

 Eram eles:
O Lucas, mais conhecido como gigante gentil, ou só gigante. Ele tinha 1,90 de altura desde... bem, desde sempre, ou pelo menos desde que se conhecem, e isso é sempre.Sua personalidade era a mais explosiva, heroica e previsível possível, inclusive seu queixo era enorme e quadrado, um típico herói da Disney. Se ele era o gênio do grupo e Lucas o herói, o outro amigo era decididamente o gatuno, um típico bom malandro, Martin. Martin era seu nome do meio, mas como seu primeiro nome era Rudolph(e pouca gente sabia disso) acabaram por decidir chamá-lo assim logo quando se conheceram. Essa história é incrível, inclusive, mas fica pra próxima. Martin era o bom malandro, por uma série de fatores: Seu vocabulário carioquês, cheio de qualé, mermão, cumpadi, bróder, exquenta, exquece, expera, sacanági e por aí vai; Sua atitude minimamente suspeita de estar sempre com fome e fazer de tudo por um lanche; o estranho poder de sempre ter tudo que alguém precisa no momento consigo e o fato de sua origem se dar no mais afastado dos bairros da zona leste de São Paulo. Apesar de parecer terrível, ele era terrivelmente carinhoso, cuidadoso, paterno e engraçado com seus amigos, de forma que os afastava das coisas ruins e menos ingênuas. Boatos corriam que ele havia arranjado uma namorada, algo que, teriam que tirar a limpo mais tarde. Já o próximo amigo era algo entre o mago da destruição genial e algum bobo assombrosamente irritante. Como não chegaram em nenhum consenso, acabaram por colocar os dois títulos em sua ficha. Seu nome era Jimi, ou era assim que todos o chamavam pela sua identificação com Hendrix(e por não ter NADA a ver com ele fisicamente também), e por não saberem seu nome. Eles nunca perguntaram aliás. Jimi era uma miscelânea de um gênio matemático perfeccionista( um Sheldon, por assim dizer) com algum terrível contador de piadas notoriamente pervertido e um grande guitarrista de heavy metal, habilidoso e apaixonado pela música. Sim, tudo isso, e se procurassem em algum lugar, eles provavelmente acabariam achando um pouco mais. Mas apesar de tudo, era um cara legal. O último integrante de seu grupo era o Cazé, ou Carlão, Zézão, Zé, Carlinhos, John, Jiraya, Legolas, Ozzy Osbourne, Aslam, Ablon, Boromir ou qualquer outro nome maneiro da semana que eles arranjassem(o ritual é: cada um escolhe o nome da semana baseado em sua inspiração, nas reuniões de Domingo). O Cazé era o grande fiel da balança do grupo. Jogador de futebol, rápido, forte, esperto e atlético, tudo que o grupo inteiro não era. Seu conhecimento do mundo "exterior" pelo status do futebol lhes dava a visão mais ampla da existência, e ao mesmo tempo seu interesse pela cultura lhe deixava em xeque com o conhecimento que eles possuíam  Sendo assim, faziam a troca de informações e favores. Cazé também era o menos presente no grupo, mas não menos amado. Nessa sociedade, todos dividiam o mesmo fardo da amizade e suas recompensas.

Eram um grupo bacana. Ele se lembrou disso enquanto se arrumava para seu doloroso dia de aula. E por pensar nisso tudo, perdeu um tempão, e acabou se atrasando(foi aí onde o equilíbrio do Universo voltou ao normal).

 Ao chegar esbaforido e desorientado, passou pelo portão cintilante cinza de sua terrível e amada instituição escolar, e se deparou com uma visão que mudaria absolutamente tudo em sua vida, mesmo que não soubesse disso ainda. O sol do meio-dia escapava rispidamente pelo vão do pátio e de alguma forma brilhava com carinho sobre algo ligeiramente castanho, que agora figurava claro, e apavorantemente lindo. Algo vermelho lhe chamou a atenção, e quando reparou, eram sapatos. Olhou novamente para o algo castanho, e quando se deu conta, haviam sutis olhos também castanhos lhe fitando com um ar de curiosidade. Percebeu então que eram cabelos castanhos, sapatos vermelhos e ali figurava uma criatura estonteantemente linda.

 - Luis?
Olhou para si mesmo com espanto, sem desgrudar daqueles olhos, que agora lentamente balançavam para os lados, em busca de uma explicação. Recobrou a consciência e só conseguiu murmurar
- ah....
- Luis, você se atrasa sempre ou eu andei reparando muito, recentemente?
Tentou se lembrar quem ela era. Falhou miseravelmente. Tentou então descobrir como sabia seu nome.
- é... desculpe se eu parecer grosso ou idiota, mas como você sabe que eu existo?
- Como assim? estudamos juntos seu engraçadinho, é claro que sei que existe! Nós nunca nos falamos, mas sempre te vi por aí. Eu sou a Ângela.
Tentou segurar sua mão para cumprimentá-la, mas só o que sentiu foi um perfume em seu rosto e o súbito beijo de cumprimento. Avaliou, mesmo que rapidamente, o suave toque dos lábios dela. Quis deixar de existir a partir de então, só para evitar se envergonhar e enlouquecer mais. Até parece que o escritor ia poupá-lo de mais.
- é, oi. Desculpe se não falo muito, como você viu, estou meio atrasado... E desculpe se eu peço muitas desculpas! Bom tenho que ir então até mais, tchau!
Saiu como uma versão avançada do Flash em direção ao corredor e tudo que viu foi o relance daqueles olhos de novo, dessa vez acompanhados de um sorriso, quando passou pelo pátio. Aquele sorriso lhe deixou inquieto. Ela, por sua vez só conseguiu dizer a si mesma após uma risadinha:
- Não deu tempo nem de avisar sobr...

Então acordou com seu professor de Geografia lhe lançando gizes e dizendo:
- Luis, dormindo na minha aula DE NOVO?
Foi tudo um sonho. Se sentiu por 12 segundos aliviado, e ao mesmo tempo decepcionado. Não conseguia acreditar que uma garota daquela categoria reparasse nele, o que já era esperado. Ao mesmo tempo o ato de interação, não, o que ele definiria como ato de crucial importância para a História( ao menos a sua), foi incrivelmente confortante. Excluindo a vergonha, algo que ele já estava acostumado naquela altura do campeonato, Foi realmente incrível. Que desperdício, sua mente havia lhe enganado de novo. Se ajeitou e tentou entender o que acontecia na aula.
Luis, que diabo é isso vermelho na sua cara? -Indagou sua colega Bruna, que não é nem importante nessa história, nem desimportante. Uma verdadeira neutra.
- hãn?
Olhou a tela de seu celular. Era a marca de um lábio perfeitamente delineado por um batom.